Comissão de Saúde se reúne para tratar sobre doença renal

A Comissão de Saúde, Proteção Animal e Desenvolvimento Social (CSPADS)  reuniu-se no plenário da Câmara Municipal de Ubá, em 07 de dezembro de 2023, para tratar sobre doença renal. A reunião foi coordenada pela presidente da Comissão, vereadora Aline Moreira Silva Melo, acompanhada do vice-presidente da Comissão, vereador Gilson Fazolla Filgueiras e do vereador Célio Lopes dos Santos.

Estavam presentes também o gerente de Divisão de Atenção e Promoção em Saúde da Secretaria Municipal de Ubá, Raphael Vicente Ignacchiti de Andrade Pimentel, o gerente de Divisão de Gestão em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde, João Paulo da Silva, o enfermeiro responsável técnico do Serviço Ubaense de Nefrologia, Geraldo Horta, o responsável legal do Serviço Ubaense de Nefrologia, Alexandre Quintão, e o diretor Técnico do Serviço Ubaense de Nefrologia, Dr. Ricardo Furtado de Carvalho.

O diretor Técnico do Serviço Ubaense de Nefrologia, Dr. Ricardo Furtado relatou que a doença renal hoje tem caráter epidêmico com o aumento da expectativa de vida, pois é uma doença que surge principalmente na senilidade e é uma das principais causas de mortalidade. Disse ainda que o dado epidemiológico do Brasil sugere a existência de aproximadamente 300 mil doentes/ano em terapia renal substitutiva, mas se tratando consta 100 mil e é importante encontrar os pacientes desassistidos.

Em seguida, Geraldo Horta explanou sobre a doença renal.  “A doença renal crônica é lenta, progressiva e silenciosa e as principais causas são hipertensão, diabetes mellitus, obesidade, sedentarismo e glomerulopatias (geralmente genéticas). A prevenção é importante consultar com o nefrologista, regularmente, fazer a dosagem de creatinina, exame de urina e ter bons hábitos alimentares”, disse.

Geraldo Horta contou que trabalha no Instituto Antônio Frederico Ozanan (INAF), que oferece um tratamento conservador. “Durante 2023, o INAF manteve um convênio com o Serviço Ubaense de Nefrologia – SUN, na assistência, pela equipe multidisciplinar (médicos, enfermeiro, nutricionista, assistente social e psicóloga), atendendo pacientes com comprometimento da função renal que necessita de tratamento especializado. No tratamento conservador, estão cadastrados 106 pacientes, divididos em cinco níveis de acordo com o estágio da doença, que se baseia na taxa de filtração glomerular”, explicou.

Segundo ele, o SUN é o único centro de terapias renais substitutivas (TRS) da microrregião de Ubá, sendo o principal parceiro do INAF, e conta com uma equipe multidisciplinar de três médicos, três enfermeiros, vinte técnicos de enfermagem, uma assistente social, uma psicóloga, uma nutricionista e uma bioquímica. O SUN atualmente atende 145 pacientes renais crônicos em hemodiálise.  Geraldo contou também que em 2022 foram realizadas 24 mil sessões de hemodiálise em pacientes crônicos e 700 sessões em pacientes agudos. E que o INAF dá suporte ao trabalho realizado na Policlínica, pelo dr. Valério Hipólito, nefrologista, e atende uma média de 160 a 170 pacientes.

Após a apresentação, a presidente da comissão abriu para perguntas e pediu ao dr. Ricardo Furtado para explicar sobre a importância do convênio do INAF para o paciente renal crônico. “O encaminhamento é feito pela Secretaria de Saúde, pela porta da rede de emergência do hospital ou SUS Fácil. Disse que as terapias, se possível, são discutidas com o paciente, se possível, ou ele já é indicado para diálise. “O paciente pode transplantar o rim antes da falência renal total, havendo um doador familiar, chama-se transplante preemptivo. Não havendo esse doador, ele poderá fazer diálise peritoneal ou hemodiálise, que será decidido dependendo da necessidade do paciente, caso a caso. Todo paciente da hemodiálise entra na rede do transplante. Sobre diálise peritonial, o peritônio dura apenas cinco anos, portanto, após esse decorrer, é necessário buscar outra alternativa de tratamento para o paciente. E a diafiltração é custosa e não existe estudo indicando que o resultado de mortalidade é melhor que as modalidades de hemodiálise”, explicou.

A vereadora Aline Melo pediu ao dr. Ricardo Furtado para explicar sobre a importância do convênio do Instituto Antônio Frederico Ozanan para o paciente renal crônico. “O serviço precisa ser profissionalizado e permanente, seja público ou privado, então desejam ser inseridos na rede SUS para que os profissionais possam ser pagos, pois hoje trabalham com doação de serviço, e se aumente os dias de funcionamento, que hoje são 2 dias na semana”, afirmou.

Sobre as terapias renais substitutivas, diálise peritonial, transplante renal e a hemodiafiltração, a vereadora Aline Melo comentou que elas seriam para “substituir os rins” e quis saber quais o SUN realiza e como é o fluxo de encaminhamento na rede das terapias que ele não cobre. “O encaminhamento é feito pela Secretaria de Saúde, pela porta da rede de emergência do hospital ou SUS Fácil. As terapias, se possível, são discutidas com o paciente, se possível, ou ele já é indicado para diálise. O paciente pode transplantar o rim antes da falência renal total, havendo um doador familiar, chama-se transplante preemptivo. Não havendo esse doador, ele poderá fazer diálise peritoneal ou hemodiálise, que será decidido dependendo da necessidade do paciente, caso a caso. Todo paciente da hemodiálise entra na rede do transplante. Sobre diálise peritonial, o peritônio dura apenas 5 anos, portanto, após esse decorrer, é necessário buscar outra alternativa de tratamento para o paciente. E a diafiltração é custosa e não existe estudo indicando que o resultado de mortalidade é melhor que as modalidades de hemodiálise. Implantei o serviço de diálise na UTI em pacientes que manifestaram septicemia, sem indicação para dialisar, e quando o familiar via o doente, e o método, trouxe melhora na mortalidade”, pontuou Dr. Ricardo.

O vereador Gilson Fazolla questionou como é mantido o Serviço Ubaense de Nefrologia. “É mantido por um sistema que se chama APAC, onde é realizado o cadastro completo do paciente, consta o encaminhamento pela secretaria, o documento assinado pelo paciente após toda diálise que gera uma fatura encaminhada ao SUS, mensalmente, e, então, ele paga pelo serviço”, esclareceu Dr. Ricardo.

Questionado pela vereadora Aline Melo de como um paciente agudo pode se tornar crônico e se o rim doente pode se recuperar com o tratamento, o dr. Ricardo explicou: “Agudo é quando o rim para de funcionar devido a causas fatídicas, exemplo, uma pessoa que tenha contraído febre amarela, nesse caso, com o tratamento, o rim se recupera. O crônico é quando o rim perdeu a função e precisa de tratamento prolongado. Já tive pacientes crônicos que recuperaram a função renal e passaram para o tratamento conservador, mas não é comum”, disse.

A vereadora questionou ainda ao dr. Ricardo se as pessoas com infecções urinárias recorrentes podem desenvolver uma doença renal crônica e também qual o valor gasto, anualmente, por paciente em hemodiálise. “Sim, podem desenvolver pielonefrite crônica. As infecções urinárias são silenciosas, em muitos casos, chamo a atenção dos hipertensos e diabéticos por serem mais propensos a elas. E o gasto é em torno de 30 mil reais, por mês, considerando que cada sessão custa 240 reais e o paciente realizar uma média de 13 sessões”, detalhou.

O gerente de Divisão de Atenção e Promoção em Saúde da Secretaria Municipal de Ubá, Raphael Vicente Ignacchiti de Andrade Pimentel disse que o município de Ubá está com a cobertura de média complexidade frágil e estão tentando melhorar a cobertura e a acessibilidade dos usuários. “Hoje, por meio da equipe multifuncional, que foi recentemente aumentada na atenção primária, conseguem ofertar mais serviços preventivos e de promoção, sendo realizados individualmente e/ou coletivamente. A atenção secundária, feita na Policlínica, também possui multiprofissionais, sendo nutricionistas, psicólogos, enfermeiros. Portanto, se preocupam com um diagnóstico precoce. O programa federal Previne Brasil, exige o cumprimento de metas, e é definido por estratégias desenvolvidas no município para acompanhar, de forma próxima, os usuários do sistema, dando ênfase nos hipertensos e diabéticos, já que cada unidade de saúde apresenta cerca de 600 hipertensos e 400 a 500 diabéticos”, ressaltou.

Segundo o gerente de Divisão de Gestão em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde, João Paulo da Silva, o município está implantando a atenção ambulatorial especializada, onde o cidadão estrará numa linha de cuidados em hipertensão e diabetes, sendo acompanhado por uma equipe multidisciplinar e terá acesso a todos os exames necessários, acredita que o resultado será a longo prazo, mas diminuirá que o paciente desenvolva problema renal.

Ainda conforme João Paulo da Silva, um dos problemas que o município enfrenta é que os pacientes chegam na atenção primária já com o rim comprometido. “Quanto ao transporte assistencial disse que o paciente em hemodiálise tem garantido por lei, o serviço, que deve ser ofertado pelo gestor local de saúde. Sobre os exames laboratoriais, o município oferta para todo paciente em tratamento da doença renal ou em hemodiálise, que está subfinanciada, então, o município dá um aporte. E sobre o projeto do INAF, o secretário está ciente e prometeu ao secretário de saúde do município apoio em 2024. E com relação ao SUN, oferecemos um serviço de qualidade”, pontuou.

João Paulo relatou também que tem recebido muitos pacientes com problema de próstata e cálculo renal, então, questionou ao dr. Ricardo o que implica essas situações nos casos de problema renal. “A próstata obstrui o canal da urina fazendo com que ocorra um aumento da creatinina e da ureia, acometendo a função renal. E o cálculo renal também afeta, e, assim como no caso da próstata, as pessoas procuram tratamento tardiamente. Acrescentou que o paciente com cálculo, ainda que resolvida sua situação, tem prevalência de ter algum problema renal, portanto, precisa de um acompanhamento.

Por fim, a presidente da comissão, vereadora Aline Melo, comentou sobre a importância do acompanhamento psicológico do paciente que faz hemodiálise e passou a palavra para o psicólogo e servidor da Câmara Municipal de Ubá, Luciano Lamarca, que ressaltou: “O paciente precisa ser visto como um todo, observando suas condições sociais, históricas, suas limitações, um olhar singular e humanizado”, concluiu.

        

        

 

 

 

                                                                                                                                                                                       

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